Comemorando 50 anos na estrada, a banda britânica The Rolling Stones nos presenteia com um novo álbum, que será lançado mundialmente no dia 12 de novembro. E após um
“casamento” de meio século, Mick Jagger, Ron Wood, Keith Richards e Charlie
Watts , tocam com a mesma energia que o fizeram despontar como uma das maiores
bandas do rock ´n´ roll, na década de 1960.
O disco intituladoGRRR!, é lançado após um intervalo de 7 anos desde seu ultimo disco, A Bigger Bang.
Também tem como produtor norte americano Don Was, que trabalhou 5 últimos álbuns da banda. Don Was
também produziu discos de grandes nomes da música como Bob Dylan, Zig Marley,
BB King, IggY Pop, Ringo Star, entre outros.
No single Doom and Gloom, divulgada
no site da banda, as guitarras de Richards e Woods relembram os discos da de
cada de 1970 quando a banda começou a misturar rifs mais enérgicos ao estilo rock ´n´ blues
consagrado no inicio. Mick Jagger solta a voz com o entusiasmo de quem está em
um show, se encaixando perfeitamente no ritmo da música. Watts conduz a musica
com serenidade, batidas marcadas e evoluções precisas.
O novo disco será lançado em versões de 50 faixas (pacotes com 3 cd´s e materiais extras) e terá
além de músicas inéditas, clássicos como Satisfaction, Jump Jack Flash, Brown Sugar,
etc. Para os colecionadores e amantes do bom e velho “bolachão”, também será lançado um
pacote com 5 discos de 12 polegadas.
Obviamente que há as criticas
negativas, principalmente dos que dizem que este é um disco feito apenas para
vender álbuns de compilações ou ingressos para turnês. Porém, em uma época
em que as bandas atuais se preucupam mais com a aperencia do que com a
qualidade da música, talvez esse disco
venha para reacender a chama!!!!
A intenção deste blog não é ser apenas histórico. Assim, vocês encontrarão aqui também resenhas sobre
discos, bandas, entrevistas, reportagens e notícias sobre shows e também textos
de amigos e leitores que se dispuserem a colaborar!!!!!!
Não há como escrever sobre o rock ´n´ roll sem também falar dos outros ritmos que o precederam e influenciaram.
De suas raízes, das quais as mais profundas remontam ao fim do século XIX, do
canto dos negros norte-americanos escravos, ao blues. E o surgimento deste
estilo está diretamente ligado ao contexto social do E.U.A.
Os EUA do século XIX eram uma sociedade de economia essencialmente
agrária que vivia um momento de crescimento populacional, graças as imigrações,
principalmente de camponeses e artesãos que saiam dos países europeus, devido às
dificuldades de arrumar emprego, causados pela mecanização da produção. Este
também foi um período de expansão territorial, em que os norte-americanos
deixaram o sul e rumaram para o oeste em busca de novas terras que permitissem
o aumento da produção agrícola e da pecuária.
As estradas de ferro facilitaram a conquista do Oeste
A mão-de-obra era formada em sua maioria por trabalhadores livres, mas o
trabalho compulsório também foi significativo nesta história. Os primeiros
escravos africanos chegaram aos EUA no século XVII e rapidamente substituíram
os imigrantes europeus que trabalhavam em sistema de servidão. A prática
escravista norte-americana era muito semelhante à da Espanha e Portugal. Os
escravos eram privados de todos os seus direitos e viviam apenas para o
trabalho árduo nas lavouras, principalmente as de algodão e tabaco. Para os
senhores eram tidos como “bens” valiosos, pois, a quantidade indicava o poder
econômico e status dos proprietários.
Plantação de algodão em West Point, Mississipi (1908)
Vivendo apenas para trabalhar, sendo cruelmente castigados e sofrendo
preconceitos impostos pela sociedade, os negros buscaram criar o movimento de resistência
a partir de elementos culturais que remetessem às suas origens, na África. Diferente
do Brasil, em que os escravos entoavam suas músicas embaladas pela batidas dos
batuques, nos EUA eram proibidos até mesmo de fabricar e tocar os próprios
instrumentos, restando, então, apenas o seu grito, a sua voz, para expressarem
seus sentimentos, suas tradições.
Prison songs, gravado por Alan Lomax em 1947. Um exemplo de work-songs
Como não tinham momentos de lazer, as músicas eram cantadas no único
momento de vivência coletiva: as lavouras. Eram cantadas em coro, para
cadenciar o ritmo do trabalho ou simplesmente para tornar a tarefa menos árdua
e ficaram conhecidas como field hollers ou work-songs, sendo cantadas inclusive pelos feitores de
acordo com as tarefas (batidas de ferramentas, carregamento de cargas, etc).
Historiadores apontam que as origens dos
cantores de blues remontam aos Griots, que eram músicos, contadores de histórias
africanas e que, por meio de sua voz, exerciam um papel religioso nas tribos. Assim,
tem origem o Spiritual, que são as canções criadas a partir das
histórias bíblicas pelos negros evangelizados.
Criado nas lavouras ou nas manifestações
religiosas? Essa é a divergência que existe quando o assunto é definir a origem
do blues. Creio que não chegaremos a um consenso aqui, e o que para nós
realmente importa saber é que o blues não é simplesmente música. É o sentimento
de um povo oprimido, história, saudade, protesto, lamento e também alegria.
Por
enquanto, é só.
No próximo post falaremos um pouco mais sobre como o blues
deixa as lavouras para se tornar o pai do rock ´n´ roll... Até lá fiquem com She Knows How to Stretch it, de Pink Anderson, um dos bluesmen inspiradores do Pink Floyd (mas esta é uma outra história!)
PINHEIRO, Marcos Sorrilha; MACIEL, Fred.
Blues: Manifestação e
inserção sociocultural do negro no início do século XX . Dossiê História Atlântica e da Diáspora Africana. Volume 8, número
12, dezembro de 2011.
Escrever sobre o rock and roll é como o trabalho de um
arqueólogo, que remexe a terra, escava ruinas até então esquecidas em busca de preciosos
tesouros que, quando redescobertos, acorda esse gigante que por si só é eterno.
Neste espaço, a partir dos discos, vídeos,
clips, “lendas”, fatos, da música e da poesia contarei um pouco da história
desse ritmo musical, que transpôs as barreiras sonoras e se tornou um estilo de
vida, uma atitude.
É isso ai galera! Esse é um
espaço democrático e aberto a criticas. Não tenho a pretensão histórica ou
literária. Escrevo apenas como quem curte o bom e velho rock and roll e espero
contar com criticas, sugestões e colaboração de todos....abraços e